Profª de Filosofia e Sociologia da Rede Estadual de Goiás desde 2010.
"Quem educa com carinho e seriedade, educa para sempre".
Comece onde você está. Use o que você tem. Faça o que puder.
 

[A todos] Uma música e um conselho...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

L'Aventura - Legião Urbana

"Quem pensa por si mesmo é livre
E ser livre é coisa muito séria
Não se pode fechar os olhos
Não se pode olhar pra trás
Sem se aprender alguma coisa pro futuro"



Caros alunos,

Somente quem tem autonomia de pensamento, quem tem senso crítico e inteligência suficientes, não se deixa manipular pelos outros e pode ser considerado livre. Vocês podem até concordar com a maioria (mas não simplesmente pelo fato da maioria pensar assim), desde que saibam realmente o que está sendo defendido. Por isso que Renato Russo diz nesta música que  "quem pensa por si mesmo é livre".

Em outra canção (Há tempos), Renato retoma o tema liberdade, dizendo que "disciplina é liberdade". E é sobre este ponto que eu quero falar com vocês, meus alunos. Muitos de vocês têm resistências quanto ao pedido constante de disciplina em sala, pois querem "ser livres". Mas, a liberdade total, absoluta não existe. É utópica! Somos livres quando somos capazes de compreender o que acontece ao nosso redor, quando somos conscientes dos nossos limites e das nossas responsabilidades.

Disciplina é liberdade, pois, somente com ela é que aprendemos a buscar condições necessárias para sermos livre nas nossas escolhas. Ninguém alcança seus objetivos sem ter disciplina. Em outras palavras, não adianta traçar metas, planejar atitudes, almejar um bom emprego ou aquela vaga na faculdade, se não tiverem disciplina. É ela quem vai guiá-los para seguir os objetivos traçados.

Certamente vocês conhecem pessoas inteligentes, competentes, mas que não chegam a lugar algum. Por quê? Falta-lhes disciplina! Falta-lhes determinação para alcançar as metas, para vencer as dificuldades e os desafios.

A disciplina permite chegar onde se quer. Quando alcançamos os objetivos propostos, nos tornamos mais fortes e, mais fortes, conquistamos a liberdade de fazer escolhas. Vocês devem lembrar que, em minhas aulas, eu sempre digo para estudarem. Pois, estudando, se aperfeiçoando, vocês terão condições de escolher o que querem ser. Agora, aqueles que não estudam, que não aprendem, não terão a chance de escolher uma profissão. Terão que aceitar o que aparecer, se aparecer... 

Quem não estuda, quem não tem disciplina, quem não procura alcançar os seus objetivos, não escolhe  e está sujeito às escolhas de outras pessoas. E, certamente estas pessoas não estarão pensando no seu bem estar.

Não percam este tempo precioso de vocês! Façam a parte de vocês em sala de aula. Estudem. Aprendam. Tenham disciplina e sejam livres para escolher. Quem se dá a chance de aprender cria oportunidades de escolha, oportunidades que só surgem quando se tem disciplina.
Profª Karoline

[2ª Série] Filosofia: Karl Marx e o modo de produção

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Olá pessoal!

Recordando algumas explicações dadas em sala, Karl Marx foi um grande teórico dos modos de produção que fazem parte da história. Segundo ele, o modo de produção é a base da sociedade, a estrutura sobre a qual são construídas a cultura, a política, as religiões e as ideologias da sociedade.

Segundo ele, os modos de produção se transformam ao longo da história. Isto acontece, pois, as forças produtivas (meios de produção = matéria prima + instrumentos de produção  + trabalho humano) entram em contradição com as relações de produção existentes.

Exemplo: No modo de produção escravista, que foi responsável por um grande progresso econômico para as sociedades que os adotaram, chegou a um ponto que foram esgotadas todas as possibilidades de crescimento econômico e tecnológico. Os senhores, dispondo de trabalho quase que de graça, não se interessaram no aperfeiçoamento das técnicas de produção, e os escravos não tinham, evidente, interesse no seu trabalho, não sendo possível confiar a eles instrumentos delicados e funções mais importantes.

Desta forma, o desenvolvimento encontrou uma barreira que eram as velhas relações de produção e que somente poderia ser superada com uma revolução social, a que acabou sendo iniciada pelos próprios escravos e acompanhada pelos segmentos mais pobres da população socialmente livre.

Resumindo: segundo Marx, o modo de produção (sistema econômico) é substituído, quando as relações de produção não acompanham as transformações mais dinâmicas das forças produtivas. Deste conflito entre relações de produção e forças produtivas surge um processo de transformação social que desencadeará em uma revolução social, modificado o modo de produção que entrou em contradição.

Se ainda houver dúvidas quanto ao conteúdo, não deixem de me procurar!

Profª Karoline


[3ª Série] Filosofia: Ainda sobre cidadania...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pessoal,

Ainda sobre o tema Cidadania, fiquei pensando qual música poderia sugerir a vocês que tratasse do tema. Foi então que me lembrei da canção interpretada por Zé Ramalho: Cidadão. A música conta a história de um trabalhador da construção civil que, ao longo da sua vida, construiu prédios, escolas, igrejas etc, no entanto, não tinha acesso a estes prédios (salvo a igreja), muito menos aos serviços públicos que eram oferecidos neles.

A canção é uma crítica ainda atual as condições de vida das quais muitos brasileiros fazem parte. São milhares de pessoas que sustentam suas famílias com subempregos, sem direitos trabalhistas, em funções penosas, recebendo salários que não são suficientes para manterem uma vida digna, mas que mesmo assim são a base da nossa sociedade. 

Leiam a canção. Se tiverem interesse em ouvi-la, cliquem no título para acessar a página do YouTube. ;)
Profª Karoline

Zé Ramalho

Tá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas prá ir, duas prá voltar
Hoje depois dele pronto
Olho prá cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
"Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou prá casa entristecido
Dá vontade de beber
E prá aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer...

Tá vendo aquele colégio moço
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem prá mim toda contente
"Pai vou me matricular"
Mas me diz um cidadão:
"Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar"
Essa dor doeu mais forte
Por que é que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer...

Tá vendo aquela igreja moço
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá foi que valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse:
"Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asa
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar"

[3ª Série] Filosofia: O Cidadão de Papel

terça-feira, 16 de agosto de 2011

 O Cidadão de Papel


Olá alunos!

A partir desta semana discutiremos alguns conceitos de cidadania e o que é ser cidadão na sociedade atual. Em um dos momentos da discussão, falarei a respeito do livro "O Cidadão de Papel", de Gilberto Dimenstein. O autor utiliza a expressão "cidadania de papel" para criticar a situação social brasileira. A maioria dos brasileiros são "cidadãos de papel", pois possuem direitos e deveres garantidos por lei, mas que, infelizmente, não são concretizados, não são garantidos na prática. 

A Constituição Federal diz em seu artigo primeiro que todo indivíduo tem direito à cidadania, à dignidade da pessoa humana e, em seu artigo quinto, que todos são considerados iguais perante à lei, sem distinção de qualquer natureza. No entanto, o que vemos é uma grande parcela da sociedade brasileira à margem destes direitos fundamentais. São milhares de pesssoas excluídas, que não têm acesso à saúde, saneamento básico, educação, moradia, enfim, à margem da cidadania.

Para aqueles que queiram se aprofundar no tema, vale a pena ler o livro. O arquivo presente no link abaixo é uma versão digitalizada. Vale a pena lê-lo! São apenas 57 páginas.


Boa leitura!

Profª Karoline

[2ª Série] Sociologia: História do Trabalho Humano

segunda-feira, 15 de agosto de 2011


História do Trabalho Humano
 
O trabalho é uma necessidade natural e eterna da raça humana, sem a qual o homem não pode existir. Diferente dos animais irracionais, que se adaptam passivamente ao meio ambiente, o homem atua sobre ele ativamente, obtendo os bens materiais necessários para sua existência com seu trabalho, que inclui o isso e a fabricação de instrumentos especiais. A sociedade não escolhe estes instrumentos ao seu arbítrio; cada nova geração recebe os instrumentos de produção que foram criados por gerações anteriores e que ela usa, modifica e melhora.

O progresso destes instrumentos obedece a uma certa ordem de seqüência.  A humanidade não pode passar diretamente do machado de pedra para a central atômica; cada melhoramento ou invento é conseqüência dos anteriores, tem que se apoiar na gradativa acumulação de experiência produtiva, de hábitos de trabalho e de conhecimento dentro da própria comunidade ou de outra comunidade mais avançada. Repetimos que os instrumentos de trabalho não funcionam sós, e que o papel central no processo da produção corresponde aos trabalhadores que criam e colocam em ação esses instrumentos com o seu esforço e experiência laboriosa.

A produção não é obra do homem isoladamente; tem sempre caráter social. No processo de produção de bens materiais, os homens, com ou sem vontade, acabam se relacionando de uma forma ou de outra, e o trabalho de cada produtor converte-se numa partícula do trabalho social, até nas sociedades mais primitivas e com, maior fundamento, nos processos industriais mais avançados.

Assim, a humanidade tem conhecido quatro regimes diferenciados de relações de produção: comunidade primitiva, escravidão, feudalismo e capitalismo, sendo que existiu uma experiência de um regime comunista cuja primeira etapa é o socialismo.

REGIME DA COMUNIDADE PRIMITIVA
O regime da comunidade primitiva é, historicamente, a primeira forma que a sociedade adota logo que o homem separa-se do mundo propriamente animal, quando num longo processo evolutivo adquiriu as qualidades que o diferenciam dos outros seres vivos.

A humanidade contava com elementos de trabalho muito rudimentares: pau, machado de pedra, faca de pederneira e lança com ponta de pederneira;  mais tarde foi inventado o arco e a flecha. A alimentação era produto da caça e a colheita de frutos silvestres; posteriormente começa a agricultura na base do trabalho com picareta. A única forma conhecida era o músculo do homem.  Com somente este instrumento e armas, o homem tinha sérias dificuldades para enfrentar as forças da natureza e fornecer seu alimento; unicamente o trabalho em comum podia garantir a obtenção dos recursos necessários para a sua vida.

O trabalho em comum trazia também a propriedade comunitária dos meios de produção, que era a base das relações de produção na época. Todos os integrantes da comunidade estavam em condições iguais com relação aos meios de produção; ninguém podia assumir a propriedade privada deles;  cada elemento da comunidade recebia a sua quota de produção conforme suas necessidades e normalmente não ficava excedente em benefício de alguém em particular.

No decorrer do tempo, o regime da comunidade primitiva entra na fase da sua desintegração, devido ao desenvolvimento das forças produtivas. Os homens aprendem a arte de fundir os metais, melhorando a qualidade das ramas e ferramentas agrícolas; domesticam o cavalo e constroem um arado rústico aumentando enormemente o rendimento das plantações. Este desenvolvimento das forças produtivas provoca importantes mudanças sociais; a atividade pastoril separa-se da agricultura e inicia-se uma modesta indústria artesanal. Começa o intercambio de produtos derivados do trabalho, primeiro entre as tribos e depois no centro da própria comunidade. A tribo descompõe-se em famílias que se convertem em unidades econômicas separadas, concentrando-se nelas o trabalho, diferente do trabalho comunitário e dando início a propriedade particular.

REGIME DE ESCRAVIDÃO
A necessidade e o desejo dos homens de facilitar o seu trabalho e de dispor de reservas para enfrentar os desastres naturais incentivaram a eles aperfeiçoar os seus instrumentos e criar hábitos de trabalho. Mas ao mudar o sistema primitivo, o homem, inconscientemente, sem pensar nas conseqüências que traria na área social, preparou o passo para a escravidão.

A base das relações de produção neste regime era a propriedade privada do senhor, tanto dos meios de produção como dos trabalhadores: os escravos.

O regime da escravidão castigou os trabalhadores, os escravos, com terríveis calamidades e sofrimentos. Os opressores viam com desprezo o trabalho físico indigno de homens livres. A partir deste momento, os homens já nunca mais serão iguais em seus direitos.

Durante o regime escravista, continua a divisão do trabalho, sendo que a divisão dignificava a especialização e o aperfeiçoamento dos instrumentos e maior conhecimento técnico. Após os cereais, na agricultura nascem as especialidades de hortigranjeiros, frutícolas, etc.; é aperfeiçoado o arado primitivo que agora ganha rodas e criam-se novas ferramentas para usos mais específicos; a força dos animais é usada em maior porcentagem. 

O trabalho de grande número de escravos permite a construção de obras maiores, como canais, represas, caminhos, navios, prédios, etc. E as pessoas da sociedade livre que já não precisavam desenvolver trabalhos físicos ficam com tempo para se dedicar às artes e às ciências.

Mas chega o momento que as possibilidades de progresso que o regime escravista poderia oferecer ficam esgotadas. Os senhores, dispondo de trabalho quase que de graça, não se interessam no aperfeiçoamento das técnicas de produção, e os escravos não tinham, evidente, interesse no seu trabalho, não sendo possível confiar neles instrumentos delicados e funções mais importantes. O desenvolvimento encontrou uma barreira que eram as velhas relações de produção e que somente poderia ser superada com uma revolução social, a que acabou sendo iniciada pelos próprios escravos e acompanhada pelos segmentos mais pobres da população socialmente livre.

A história oferece numerosos exemplos da esforça luta dos escravos; mas a classe deles tinha muitas diferenças de língua e de origem, formando uma massa que dificilmente poderia agrupar-se para formar uma força social importante; sua consciência de classe era muito escassa e os escravos que se sublevaram não estavam pensando em lutar contra o sistema escravista, sendo o seu único anseio voltar a sua pátria e serem novamente livres, e um dia chegar a ser proprietários de escravos.

O regime escravista sucumbiu sob os golpes reunidos das insurreições das classes trabalhadoras e das incursões das tribos bárbaras, contra as quais o estado escravista foi incapaz de lutar.

REGIME FEUDAL
Aparece uma nova formação econômica, política e social: o feudalismo.

A base das relações de produção deste regime é a propriedade dos senhores feudais sobre os médios de produção e, em primeiro lugar sobre a terra. A palavra feudal provem do latim “feodum” que identifica as terras que o rei distribuía entre os seus senhores em pago ao apoio militar.

Os camponeses dependiam dos senhores feudais, mas a diferença dos escravos, não constituía propriedade total deles; o servo recebia um terreno, conforme veremos mais na frente.

Os servos eram semilivres e estavam obrigados a viver na propriedade. Na operação comercial de compra ou venda das terras, os servos eram normalmente incluídos. Os servos trabalhavam a terra do senhor e em retribuição recebiam um pequeno terreno que era trabalhado pela sua conta; estes terrenos cedidos podiam ser herdados, mas pagando ao senhor uma taxa. O feudo emprestava aos servos os moinhos, ferramentas, depósitos, currais, etc., de forma bastante onerosa, mas que o servo tinha que aceitar, pois não dispunha desses elementos necessários ao seu trabalho.

As relações entre senhores e servos eram antagônicas e correspondiam a uma contradição irreconciliável.  A luta elevou-se na sociedade feudal a um nível mais elevado que o conhecido na escravidão.  Os camponeses foram lutando com força cada vez maior contra a opressão feudal para obter o direito de dispor livremente do produto de seu trabalho.

Ao lado de pequenas unidades artesanais começam a aparecer grandes empresas empregando trabalhadores não submetidos à servidão; o comércio cresce além dos mares. Nos séculos 16 e 17 realizam-se grandes descobrimentos científicos e técnicos. Aos poucos se vã estruturando no seio da sociedade feudal o novo sistema capitalista de produção; mas, para que ele tivesse um bom desenvolvimento era preciso por fim ao sistema feudal. A burguesia, classe portadora do novo sistema de produção precisava de um mercado de trabalho livre; vale dizer, homens emancipados da servidão e sem propriedades,  são empurrados pela necessidade às fábricas. 

A burguesia lutava pela supressão das taxas que sustentavam a corte, e junto a burguesia estavam todas as capas sociais descontentas com o feudalismo, desde os servos da gleba e os pobres das cidades, vítimas da miséria, humilhação e toda tipo de desaforos, até os homens de ciência e escritores avançados, asfixiados pela canga espiritual da Igreja e do feudalismo.

Começam as revoluções burguesas, sendo a mais importante delas, a Revolução Francesa de 1789. No fim do século 18 existiam na França todos os ingredientes para uma revolução. O tipo de economia capitalista tinha alcançado um nível considerável, mas o regime feudal absoluto era um obstáculo para a consolidação do novo sistema. Nessa época de 25 milhões de franceses, um milhão constituía a classe privilegiada (nobreza e clero). Em Paris sobreviviam mais de 100.000 mendigos de um total de 700.000 habitantes. Os servos e os camponeses passavam por uma profunda crise agrícola. Tudo isto desenvolveu um excelente ambiente para que a nova classe burguesa pudesse jogar às classes pobres contra o despotismo. 

REGIME CAPITALISTA
Da história universal, a Revolução Francesa é um dos acontecimentos mais importantes e de forte influência política que influiu fortemente nos destinos posteriores da humanidade. Das fileiras da classe média surgem os ideólogos das novas instituições, sendo os promotores do progresso e das idéias republicanas e democráticas que ganham lugar no mundo.

O capitalismo se desenvolve com toda a sua força e cria a sua própria revolução: a revolução industrial que significou um fabuloso aumento da produção material e do rendimento do trabalho. Mas, este auge da riqueza social não significa a mesma porcentagem de melhoramento material para os trabalhadores. A nova realidade mostra uma acumulação de riquezas em um extremo e muita miséria no outro, com jornadas de trabalho que chegavam a 18 horas diárias na França de 1840.

No regime capitalista surgem duas classes novas e importantes:
a) Classe capitalista ou alta burguesia, que nos países mais desenvolvidos possuem todos os meios de produção, e
b) Classe proletária ou trabalhista que vende seu trabalho à classe capitalista a câmbio de um salário, não sempre condizente com as suas necessidades.

Estas duas novas classes são econômica e socialmente antagônicas e, desde o início estão se enfrentando em lutas periódicas, nas quais a classe proletária tem levado a pior parte,m pois a classe capitalista, com seu poder econômico, têm se apoderado do poder político.

Em outubro de 1917 teve lugar na Rússia uma revolução de tipo proletária, que transforma a estrutura do país e que procura estabelecer uma nova etapa nas relações de produção.

Texto disponível no site: http://www.guatimozin.org.br/artigos/hist_trabalho.htm

[1ª Série] Sociologia: Tribos Urbanas

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Olá caros alunos!

Leiam mais sobre as tribos urbanas no site da Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tribo_urbana

Vale a pena conhecer como surgiram as primeiras tribos e saber quais são as suas características. Além de, é claro, entender as suas histórias para desconstruir preconceitos sobre aquelas que criticamos sem conhecer. ;)

Boa leitura!

[1ª Série] Filosofia: Moral e Ética

Olá, caros alunos!

Disponibilizo abaixo o texto que comentei (e que ainda vou comentar), de Leonardo Boff, nas aulas de Filosofia sobre Moral e Ética neste semana. 


Estudem, pois estão precisando!

Texto retirado do Livro "A águia e a galinha" de Leonardo Boff, Ed. Vozes - Págs. 90-96:

Considerando a tensão de outra dualidade, e ética e a moral. Talvez a etimologia das palavras ética e moral iluminem essa complexidade.
 
Ethos - ética, em grego - designa a morada humana. O ser humano separa uma parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito, construir um abrigo protetor e permanente. A ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só vez. O ser humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para si. 

Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia saudável: materialmente sustentável, psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda.

Na ética há o permanente e o mutável. O permanente é a necessidade do ser humano de ter uma moradia: uma maloca indígena, uma casa no campo e um apartamento na cidade. Todos estão envolvidos com a ética, porque todos buscam uma moradia permanente.

O mutável é o estilo com que cada grupo constrói sua morada. É sempre diferente: rústico, colonial, moderno, de palha, de pedra... Embora diferente e mutável, o estilo está a serviço do permanente: a necessidade de ter casa. A casa, nos seus mais diferentes estilos, deverá ser habitável. Quando o permanente e o mutável se casam, surge uma ética verdadeiramente humana.

Moral, do latim mos, mores, designa os costumes e as tradições. Quando um modo de se organizar a casa é considerado bom a ponto de ser uma referência coletiva e ser reproduzido constantemente, surge então uma tradição e um estilo arquitetônico. Assistimos, ao nível dos comportamentos humanos, ao nascimento da moral.

Nesse sentido, moral está ligada a costumes e a tradições específicas de cada povo, vinculada a um sistema de valores, próprio de cada cultura e de cada caminho espiritual.

Por sua natureza, a moral é sempre plural. Existem muitas morais, tantas quantas culturas e estilos de casa. A moral dos yanomamis é diferente da moral dos garimpeiros. Existem morais de grupos dentro de uma mesma cultura: são diferentes a moral do empresário, que visa o lucro, e a moral do operário, que procura o aumento de salário. Aqui se trata da moral de classe. Existem as morais das várias profissões: dos médicos, dos advogados, dos comerciantes, dos psicanalistas, dos padres, dos catadores de lixo, entre outras. Todas essas morais têm de estar a serviço da ética. Devem ajudar a tornar habitável a moradia humana, a inteira sociedade e a casa comum, o planeta Terra.

Existem sistemas morais que permanecem inalterados por séculos. São renovadamente reproduzidos e vividos por determinadas populações ou regiões culturais. Assim, a poligamia entre os árabes e a monogamia das culturas ocidentais. Por sua natureza, a moral se concretiza como um sistema fechado.

De que forma se articulam a ética e a moral? Respondemos simplesmente: a ética assume a moral, quer dizer, o sistema fechado de valores vigentes e de tradições comportamentais. Ela respeita o enraizamento necessário de cada ser humano na realização de sua vida, para que não fique dependurada nas nuvens.

Mas a ética introduz uma operação necessária: abre esse enraizamento. Está atenta às mudanças históricas, às mentalidades e às sensibilidades cambiáveis, aos novos desafios derivados das transformações sociais. Ela impõe exigências a fim de tornar a moradia humana mais honesta e saudável. A ética acolhe transformações e mudanças que atendam a essas exigências. Sem essa abertura às mudanças, a moral se fossiliza e se transforma em moralismo.

A ética, portanto, desinstala a moral. Impede que ela se feche sobre si mesma. Obriga-a à constante renovação no sentido de garantir a habitabilidade e a sustentabilidade da moradia humana: pessoal, social e planetária.

Concluindo, podemos dizer: a moral representa um conjunto de atos, repetidos, tradicionais, consagrados. A ética corporifica um conjunto de atitudes que vão além desses atos. O ato é sempre concreto e fechado em si mesmo. A atitude é sempre aberta à vida com suas incontáveis possibilidades. A ética nos possibilita a coragem de abandonar elementos obsoletos das várias morais. Confere-nos a ousadia de assumir, com responsabilidade, novas posturas, de projetar novos valores, não por modismo, mas como serviço à moradia humana.

Não basta sermos apenas morais, apegados a valores da tradição. Isso nos faria moralistas e tradicionalistas, fechados sobre o nosso sistema de valores. Cumpre também sermos éticos, quer dizer, abertos a valores que ultrapassam aqueles do sistema tradicional ou de alguma cultura determinada. Abertos a valores que concernem a todos os humanos, como a preservação da casa comum, o nosso esplendoroso planeta azul-branco. Valores do respeito à dignidade do corpo, da defesa da vida sob todas as suas formas, do amor à verdade, da compaixão para com os sofredores e os indefesos. Valores do combate à corrupção, à violência e à guerra. Valores que nos tornam sensíveis ao novo que emerge, com responsabilidade, seriedade e sentido de contemporaneidade.

Há pessoas que insistem em morar em suas casas antigas, sem delas cuidar e sem adaptá-las às novas necessidades. Elas deixam de ser o que deveriam ser: aconchegantes, protetoras e funcionais. É a moral desgarrada da ética. A ética convida a reformar a casa para torná-la novamente calorosa e útil como habitação humana. Como o filósofo grego Heráclito dizia: "a ética é o anjo protetor do ser humano".

Por essa atitude ética, os atos morais acompanham a dinâmica da vida. A moral deve renovar-se permanentemente sob a orientação e a hegemonia da ética. Cabe à ética garantir a moradia humana, sob diferentes estilos, para que seja efetivamente habitável.


Postagem inaugural

Olá estudantes do Colégio Estadual de Caldas Novas!

Pensando em enriquecer as aulas de Filosofia e Sociologia, criei este blog para a postagem de material complementar, como textos, vídeos, músicas, imagens, indicações de sites e filmes. Desta forma, sempre que eu encontrar algo interessante para as nossas discussões, postarei aqui.

Espero que utilizem este recurso da melhor forma possível!

Um abraço!
Nos vemos em sala de aula e bons estudos!