Profª de Filosofia e Sociologia da Rede Estadual de Goiás desde 2010.
"Quem educa com carinho e seriedade, educa para sempre".
Comece onde você está. Use o que você tem. Faça o que puder.
 

[3ª Série] Filosofia: Resumão para Avaliação Bimestral

domingo, 24 de março de 2013

  • Nietzsche: pensador do século 19, século marcado pela crença de que a Ciência seria um vínculo de transformação social, que resolveria as dores e seria capaz de trazer a felicidade. Foi um estudioso do grego antigo e dos filósofos pré-socráticos. Por isso era atraído pela ideia de transformação (Heráclito). O pensamento arcaico contribuiu para que Nietzsche construísse uma crítica forte ao cristianismo e à modernidade: “Nossa civilização é vítima de uma interpretação socrático-platônica do mundo”. A história do pensamento humano é influenciada pelo pensamento do séc. V A.C, que Nietzsche criticava ferozmente.

  • Foi um desafiador da verdade absoluta. Por meio do uso da linguagem, o filósofo persegue os adjetivos morais.
  • Relação existente entre o sofrimento e o desenvolvimento humano: Enquanto muitos filósofos tentaram nos oferecer conselhos de como amenizar a dor e o sofrimento, Nietzsche acreditava que todos os tipos de sofrimento e fracasso deveriam ser bem-vindos no caminho para o sucesso e vistos como desafios a serem superados.
    “A todos com quem realmente me importo desejo sofrimento, desolação, doença, maus-tratos, indignidades, o profundo desprezo por si, a tortura da falta de autoconfiança e a desgraça dos derrotados”. – Nietzsche
    Com isso o filósofo quis dizer que, para se conquistar algo que realmente valha a pena é necessário que se tenha que fazer um grande esforço. Dificuldades são normais. Não devemos entrar em pânico, nem desistir de tudo.
    Nietzsche acreditava que as dificuldades eram um mal necessário, e que, se cultivadas com a aptidão necessária, elas podiam levar à criação de coisas belas.
    “Nossa dor vem da distância entre aquilo que somos e aquilo que idealizamos ser”. – Nietzsche
    Nietzsche entendia muito bem de sofrimento e esforço, pois durante boa parte de sua vida sofreu com enjoos, dores de cabeça e vertigens, decorrentes da sífilis que contraíra ainda jovem, num bordel em Colônia.
    “A felicidade não vem da fuga dos problemas, e sim do ato de cultivá-los para extrair algo positivo deles”. – Nietzsche
    Apesar de ser filho de pastor e viver sua infância em uma atmosfera religiosa, Nietzsche era um crítico voraz do Cristianismo. O filósofo condenava o Cristianismo pelo mesmo motivo que condenava o álcool: ir à Igreja pode fazer você se sentir melhor rapidamente, da mesma forma que se embebedar pode fazer isso. Mas, para o filósofo, a fé cristã pode amortizar a dor, amortizando também a energia que ela nos dá para superar os problemas e chegar à verdadeira felicidade.
    “Aquilo que não me mata só me fortalece”
    Nem tudo aquilo que nos faz sofrer é necessariamente ruim, assim como nem tudo que nos dá prazer necessariamente nos faz bem.

  • Nietzsche faz um resgate daquilo que chama de “forças vitais”, presente no pensamento antigo, antes de Sócrates encaminhar a reflexão moral em direção ao controle racional das paixões. As “forças vitais” são os nossos instintos, vontades e impulsos. À estas forças vitais, o filósofo associa a expressão “dionisíaca”, que remete a Dionísio, deus da aventura, da música, da desordem.

  • À tradição da Filosofia ocidental a partir de Sócrates, o filósofo associa a expressão “apolínea”, que se refere a Apolo, deus da razão, da clareza e da ordem. Para Nietzsche o apolíneo e o dionisíaco são dois princípios complementares da realidade e que não deveriam ter sido separadas quando na Grécia socrática optou-se pelo culto à razão, secando assim o que ele chama de “seiva criadora da Filosofia”, contida na dimensão dionisíaca.

  • O significado da genealogia da moral: desenvolve uma crítica intensa aos valores morais, propondo um estudo da formação histórica dos valores presentes na cultura ocidental. Não existem noções absolutas de bem e de mal. Estas noções são produtos histórico-culturais, elaboradas pelo homem a partir de interesses humanos, mas que, as religiões impõem como se fossem produtos da “vontade de Deus”. Por conta da aceitação desses valores, sob a justificativa divina para a sua existência, as pessoas acomodam-se a uma “moral de rebanho”, baseada na submissão irrefletida dos valores dominantes da civilização cristã e burguesa.
    “O que é tacitamente aceito por nós; o que recebemos e praticamos sem atrito internos e externos, sem ter sido por nós conquistado, mas recebido de fora para dentro, é como algo que nos foi dado. São dados que incorporamos à rotina, reverenciamos passivamente e se tornam peias (amarras que predem os pés) ao desenvolvimento pessoal e coletivo. Ora, para que certos princípios, como a justiça e a bondade, possam atuar e enriquecer, é preciso que surjam como algo que obtivemos ativamente a partir da superação dos dados. [...]” – Nietzsche

  • O filósofo atenta para que possamos compreender que os valores presentes em nossas vidas são construções humanas e que é nosso dever refletir sobre nossas concepções morais e enfrentar o desafio de viver por nossa própria conta e risco - sem responsabilizar ou esperar que uma potência (um Deus) seja responsabilizada por isso.

  • Os conceitos de moral de escravos e moral de senhores: Moral de escravos: é herdeira do pensamento socrático-platônico - que provocou a ruptura entre o trágico e o racional - e da tradição judaico-cristã, da qual deriva a moral decadente (tentativa subjugação dos instintos pela razão). A moral de escravos nega os valores vitais à procura da paz e do repouso. O indivíduo fica enfraquecido, pois tem diminuída sua potência. A alegria é transformada em ódio, a conduta humana torna-se vítima do ressentimento e da má consciência - sentimento de culpa e a noção de pecado.
    Moral de senhores: é a moral que visa a conservação da vida e dos instintos fundamentais. Funda-se na capacidade de criação, de invenção, cujo resultado é a alegria, consequência da afirmação da potência. O indivíduo que consegue se superar é o que atingiu o “além-do-homem”, aquele que consegue reavaliar os valores, desprezar os que o diminuem e criar outros que estejam comprometidos com a vida.
    • Sartre e o Existencialismo:

    • Sartre foi um dos principais filósofos do nosso tempo, tendo focado seus estudos na Ética. Sartre era ateu e buscou desenvolver a sua teoria sobre a Ética desvinculada da religião. É o principal pensador da corrente filosófica Existencialista. O Existencialismo é uma linha de pensamento que defende que, no homem, a existência precede a sua essência. Sendo assim, não existe uma natureza humana - defendida pela maioria das religiões.
    • Se admitirmos a existência da natureza humana estaremos admitindo também a invariabilidade de suas ações e comportamentos. Entre os animais, por exemplos, as ações são, em sua maioria, justificadas pelo extinto natural da espécie, sendo previsíveis os comportamentos. Mas, entre os seres humanos não é possível admitir um comportamento geral e invariável, pois tudo o que não estivesse compreendido na regra deveria ser concebido como não natural e, portanto, como não humano.
    • O Existencialismo de Sartre é ateu, que fundamenta a inexistência de uma natureza humana pelo fato de afirmarem a inexistência de Deus. Religiosos e pensadores que creem na existência de uma divindade maior tendem a estabelecer a existência de uma natureza humana - à imagem ou semelhança de seu Criador e com características essenciais presentes em todos os seres humanos.
    • Para os existencialistas o ser humano é entendido como uma realidade imperfeita, aberta e inacabada. Associada à incompletude humana está a liberdade, que não é plena, mas condicionada às circunstâncias históricas da existência.
      (...) Se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito: este ser é o homem (...) o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define. O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo. (SARTRE, 1987, p. 5-6)
    • Para o Existencialismo, ao nascer o homem não está definido, mas, através de sua existência irá fazer-se homem. O ser humano, por meio da sua liberdade irá se fazer. Para Sartre, o ser humano é condenado a ser livre, isto é, é o próprio ser humano que vai escolher quais caminhos seguir para efetivar o projeto de criação de si mesmo. O ser humano, ao mesmo tempo em que é indivíduo, torna-se e realiza-se enquanto ser através da sua relação com os demais de sua espécie e, portanto as escolhas que faz são escolhas que engajam toda a humanidade.

    [2ª Série] Filosofia: Resumão para a Avaliação Bimestral

    Para os alunos do 2º ano,
    Segue também um resumo do que já foi estudado que requer a compreensão de vocês.


    • A importância da Filosofia Cristã, seu contexto histórico e objetivo: a Filosofia cristão surgiu na Idade Média dentro de um cenário em que se destacou a grande expansão e predomínio do Cristianismo. Foi nesse período que a consciência religiosa (cristã) associou0se à consciência racional (filosófica) para construir a chamada Filosofia Cristã. A Igreja Católica passou a exercer importante papel político na sociedade medieval. Conquistou também uma enorme quantidade de bens materiais, além de, no plano cultural, exerceu ampla influência, traçando um quadro intelectual em que a fé cristã tornou-se o pressuposto, um antecedente necessário, de toda a vida espiritual. A Filosofia Cristã tinha como objetivo explicar racionalmente as verdades da fé, principalmente no período em que a Igreja perdia seus fiéis para o Protestantismo.

    • A Patrística: foi a Filosofia Cristã, da Igreja Católica, elaborada pelos padres, que buscou utilizar a Filosofia em favor da Fé, como forma de defender o Cristianismo dos ataques dos pensadores considerados “pagãos” e combater as heresias.

    • Santo Agostinho e a relação estabelecida por ele entre: a) fé e razão; b) corpo e alma; c) vontade e pecado: foi o principal representante da Patrística. Agostinho vai buscar nos filósofos clássicos, principalmente na teoria de Platão elementos que possam ser utilizados para fundamentar a fé cristã. Por exemplo, Agostinho se adapta os conceitos de ideias imutáveis e da reminiscência para justificar filosoficamente a existência de Deus.
      Enquanto para Platão era possível conhecer a verdade através da razão, para Agostinho, a razão é um mero instrumento para a compreensão dos preceitos cristãos, de forma que, somente por meio da revelação é possível ao homem conhecer as verdades divinas. A Filosofia é um instrumento para explicar a Fé, porém, como seres limitados que somos, chegará um momento que ela não será capaz de desvendar os mistérios divinos, cabendo apenas à iluminação divida (por vontade de Deus) conhecer as verdades eternas.

    • Agostinho via no espírito a superioridade, sendo este responsável por comandar o corpo e não o seu contrário. A alma teria sido criada por Deus para dominar o corpo, dirigindo-o para a prática do bem. No entanto, quando o contrário ocorre, isto é, quando o corpo comanda a alma, Agostinho diz que nasce então o pecado, que tem origem das vontades do corpo. Por isso, ele dá tanta importância ao domínio da alma, por meio da sabedoria e da fé, sobre o corpo.

      Iluminação divina e a doutrina da predestinação: a teoria da iluminação divina defendida por Agostinho diz que somente os escolhidos por Deus serão capazes de conhecer as verdades eternas e divinas. A Filosofia ajuda a compreender a fé, mas não é suficiente. A doutrina da predestinação diz ser necessário à salvação humana, além das boas obras e da boa vontade, a concessão da graça divina, concedida a poucos.

    • Escolástica: 
      Contexto histórico: três séculos antes do seu surgimento, o imperador Carlos Magno, aliado ao Papa Leão III organizou o ensino e fundou escolas e universidades ligadas às instituições católicas, com isso, a cultura Greco-romana, que até então ficava reservada aos mosteiros, voltou a ser divulgada, passando a ter grande influência sobre o pensamento da época. A educação nestas escolas era de modelo romano, isto é, ensinava-se gramática, retórica, dialética, geometria, aritmética, astronomia e música, todas submetidas à teologia - estudo sobre Deus. Foi nesse período de florescimento cultural que nasceu a Escolástica (derivada de escola) como a maior produção filosófico-teológica, ligada ao aristotelismo.
      O principal objetivo da Escolástica era buscar a harmonização entre a fé cristã e a razão. Nesse contexto é possível dividi-la em três fases: 1ª - confiança perfeita na harmonia entre fé e religião (séc. IX ao XII); 2ª - com Tomás de Aquino, que considerava que a harmonização entre fé e razão poderia ser parcialmente alcançada (séc. XIII ao XIV); 3ª - decadência da Escolástica marcada por disputas que realçavam as diferenças entre fé e razão.

      A Escolástica não foi apenas referência em questões teológicas, mas contribuiu com significativos estudos da lógica - estudo do raciocínio válido. A questão dos universais derivou do desenvolvimento oferecido pelos escolásticos à lógica. Os universais são conceitos que podem se referir a coisas particulares e que provocou a reflexão sobre a relação existente entre palavras e coisas. Por conta da questão dos universais surgiram duas posições antagônicas para explicá-los: o realismo e o nominalismo.

      Realismo: seus adeptos sustentavam a tese de que os universais (conceitos) existem de fato, isto é, as ideias universais existem por si mesmas. Ex.: a bondade e a beleza seriam modelos a partir das quais se criariam as coisas boas e as coisas belas. Um dos principais pensadores dessa tese foi Santo Anselmo, que acreditava que os universais existiriam na mente divina.

      Nominalismo: seus defensores sustentam a tese de que os universais não existem por si mesmos, pois são apenas palavras, sem existência concreta. Não passam apenas de nomes, de convenção. Existiria apenas a individualidade.
      Entre as duas surgiu uma terceira posição, o realismo moderado de Pedro Abelardo que disse que só existiriam as realidades singulares, mas que seria possível buscar semelhanças entre os seres individuais, por meio da abstração, de forma a gerar conceitos universais. Não sendo, portanto, nem entidades metafísicas (Realismo), nem palavras vazias (Nominalismo).

    • São Tomás de Aquino: padre dominicano, filósofo e teólogo, proclamado santo e doutor da Igreja Católica, que nasceu em uma província da Itália, no séc. XIII. Ele foi um estudioso de Aristóteles, retomando suas ideias e tentando conciliá-las aos preceitos religiosos.
    • Os princípios estabelecidos por Tomás de Aquino para a compreensão da realidade sensorial - a realidade que somos capazes de perceber por meio dos sentidos:
      Princípio da não contradição: não existe nada que possa ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo ponto de vista.
      Princípio da substância: entre os seres podemos distinguir a substância, essência - sem a qual ela não seria aquilo que é; e o acidente - qualidade não essencial, que se o ser deixar de ter ele não deixará de ser o que é.
      Princípio da causa eficiente: é o que faz com que todos os seres que captamos pelos sentidos existam. Segundo Tomás de Aquino, os seres sensíveis são seres contingentes - que dependem de um agente que os produziu. Exemplo simbólico: o escultor que fez uma estátua. Neste caso, o escultor é a causa eficiente da escultura. Para a escultura existir (ser contingente) precisou de outro ser (causa eficiente).
      Princípio da finalidade: todo ser contingente existe em função de uma finalidade, de uma “razão de ser”. Todo ser contingente possui uma causa final, uma intenção, o objetivo da coisa.
      Princípio do ato e da potência: todo ser contingente (sensível) possui duas dimensões: o ato - que representa a existência atual do ser, que está dado no presente. E a potência - a capacidade real do ser, aquilo que não se realizou, mas pode se realizar.

    • De que forma Tomás de Aquino conciliou elementos da Filosofia de Aristóteles com a doutrina cristã para provar racionalmente a existência de Deus:
      1ª Prova: o primeiro motor – tudo aquilo que se move é movido por outro ser. Por sua vez, esse outro ser, para que se mova, necessita também que seja movido por outro ser, e assim sucessivamente. Se não houvesse um primeiro ser, cairíamos em um processo infinito. É necessário chegar a um primeiro motor que não é movido por ninguém – esse ser é Deus
      2ª Prova: a causa eficiente – todas as coisas no mundo não possuem em si a causa eficiente de suas existências (não produziram a si próprios). São efeitos de alguma coisa. É necessário admitir a existência de uma primeira causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos – essa causa primeira é Deus.
      3ª Prova: ser necessário e ser contingente – todo ser contingente do mesmo modo que existe, pode deixar de existir. Se todas as coisas que existem podem deixar de ser, então, alguma vez nada existiu. Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não existe somente começa a existir em função de algo que já existia. É preciso admitir que há um ser que sempre existiu, um ser necessário, que seja a causa da necessidade de todos os seres contingentes. Esse ser é Deus.
      4ª Prova: graus de perfeição – em relação à qualidade de tudo que existe, pode-se afirmar que há graus de perfeição. Assim, estabelecemos que uma coisa é melhor que outra, mas bela, mas poderosa, mais verdadeira. Se dizemos que algo é “mais” ou “menos” determinada qualidade, devemos admitir que existe um ser com o máximo dessa qualidade. Esse ser máximo e pleno é Deus.
      5ª Prova: finalidade do ser – todas as coisas brutas, sem inteligência própria, existem na natureza cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade. Devemos então crer que, existe algum ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo. Esse ser é Deus.

    [1ª Série] Filosofia: Resumão para a Avaliação Bimestral

    Caros alunos,
    Nossos primeiros testes já foram aplicados e corrigidos. De modo geral, o resultado não foi bem aquele que eu, como professora esperava de vocês. Levando isso em conta, resolvi esquematizar aqui os principais tópicos trabalhados para que sirvam de roteiro de estudo para a Avaliação Bimestral que acontecerá na próxima semana.
     criança-lendo
    Vamos lá!
    • Explicação mitológica sobre a origem do mundo e do universo (cosmogonia): vocês devem se lembrar (espero que sim!) que, na Antiguidade, antes no nascimento da Filosofia, as pessoas quando não possuíam respostas reais para o que as afligiam criavam mitos para justificar aquilo que não conheciam. Dessa forma, os mitos eram passados de geração a geração e se tornavam “verdades” àqueles que criam, pois não dependiam de provas para serem aceitos. Ex.: a origem da vida, do mundo e do universo é fruto de um deus ou deuses.

    • Explicação filosófica sobre a origem do mundo e do universo (cosmologia): a Filosofia surgiu quando as explicações mitológicas já não mais satisfaziam a curiosidade e a busca pela verdade ao ser humano. Diante de vários fatores históricos que contribuíram para uma nova postura de pensamento sobre o mundo e sobre a própria humanidade, as pessoas buscavam respostas mais objetivas e reais para as suas perguntas. Dessa necessidade surgiu a Filosofia, que desde o seu princípio buscou encontrar racionalmente respostas para as questões que afligiam ao ser humano. Assim, respostas baseadas em explicações sobrenaturais e divinas eram deixadas de lado na procura de explicações lógicas, objetivas, concretas e racionalmente aceitas. Os primeiros filósofos tentaram responder a questões como “qual é a origem da vida?” e “qual é a origem do universo?” sem para tanto se apoiarem em elementos divinos.

    • Arché: os primeiros filósofos procuravam a arché, isto é, o princípio, a substância primordial que deu origem a todas as coisas que existem. Para a maioria dos filósofos pré-socráticos, a arché deveria ser um elemento simples, encontrado na natureza. Com o passar do tempo, vimos (e ainda veremos) que a Filosofia muda de foco, procurando questionar não mais a origem de tudo, mas sobre o ser humano e sua postura no mundo.

    • Teorias orientalista e do “milagre grego”:  tivemos a oportunidade de estudar duas teorias que justificavam, de formas distintas, a origem da Filosofia na Grécia. A primeira é a teoria orientalista, que defende o argumento de que os gregos antigos tiveram contato com a sabedoria oriental, principalmente com os persas e babilônios, o que contribuiu para que surgisse uma nova maneira de se ver e pensar sobre o mundo. A segunda teoria é a do "milagre grego”, que diz ser a Filosofia uma área de conhecimento genuinamente grega, dada a cultura tão especial e avançada do povo grego. Porém, vale lembrar que essa teoria é o que chamamos de visão etnocêntrica – que ao fazer um juízo de valor, parte do princípio de que uma cultura é superior às demais. Os pensadores que defendiam a teoria “do milagre” grego eram, certamente, europeus e não queriam abrir mão do mérito de serem os “criadores exclusivos” de um saber tão especial e importante como a Filosofia!

    • Fatores que contribuíram para o nascimento da Filosofia na Grécia Antiga: teorias orientalista e “do milagre grego” à parte, o que de fato contribuiu para o nascimento da Filosofia na Grécia Clássica foi um conjunto de fatores históricos que proporcionou àquele povo uma nova maneira de pensar a realidade. Entre estes fatores, podemos destacar: a criação da moeda e das leis da cidade que fizeram com que os antigos afastassem das negociações e dos direitos/deveres o sagrado e a vontade divina. A popularização da escrita, que permitiu aos cidadãos gregos a releitura dos mitos que antes eram apenas cantados pelo rapsodo, proporcionando assim a reflexão sobre estas histórias revelando assim suas inconsistências. E a forma com que foi estruturada a polis grega - com o estímulo à retórica e o direito à palavra contribuiu para que os gregos desenvolvessem o seu senso crítico, num exercício constante de análise sobre que era levado ao debate, sendo possível uma nova maneira de enfrentar o mundo, diferente da simples aceitação.

    • Os filósofos pré-socráticos: foram assim denominados, pois muitos, como o nome sugere, antecederam a Sócrates no tempo, mas, especialmente pela diferença encontrada no objeto de sua Filosofia. Poucas informações existem a respeito deles. As datas de nascimentos não são precisas e o que se sabe sobre suas teorias são baseados em alguns fragmentos que resistiram ao tempo e às informações passadas por filósofos posteriores. Alguns dos primeiros pré-socráticos também foram chamados de filósofos da natureza, pois buscavam mediante a observação do mundo encontrar um elemento primordial que pudesse explicar a origem do mundo e do universo. αρχή, arché, que em grego significa princípio das coisas, em outras palavras, a “matéria-prima”de que são feitas todas as coisas.

    • O filósofo que é intitulado como “o pai” da Filosofia é Tales de Mileto: para ele, a água era o princípio fundamental de todas as coisas, ou o αρχή. Tales acreditava que a água era o elemento primordial: a água permanece basicamente a mesma, em todas as transformações dos corpos. Quando esteve no Egito, ele pôde observar como os campos inundados ficavam fecundos depois que as águas do Nilo retornavam ao seu delta. É possível que ele tenha observado também que, depois da chuva, apareciam rãs e minhocas, assim como percebeu que para existir vida, a água é expressamente necessária.

    • Discípulo de Tales, Anaximandro de Mileto acreditava que nosso mundo era apenas um dos muitos mundos que surgem de “alguma coisa” e se dissolvem “nesta alguma coisa” que ele chamava de infinito - em grego άπειρο. É difícil compreender o que ele entendia por infinito, mas ao contrário de Tales, Anaximandro não imaginou uma substância determinada. Talvez ele quisesse dizer que aquilo que a partir do qual tudo surge é algo completamente diferente do que é criado. E como tudo que é criado é também finito, o que está antes e depois desse finito tem de ser infinito. Sendo assim, a substância básica não poderia ser algo tão trivial quanto à água.

    • Anaxímenes de Mileto concordava que a arché deveria ser indeterminada, porém não poderia ser um elemento situado fora dos limites da observação e da experiência. O ar seria o elemento primordial. Pelo processo de rarefação e condensação se formariam outros elementos como a água, a terra e o fogo, e a partir desses, todos os demais.

    • Pitágoras de Samos possuía uma resposta bem diferente dos filósofos de Mileto quanto ao princípio de tudo. Ele foi um grande matemático e por isso defendeu a tese de que todas as coisas são números. O princípio fundamental (a arché) seria a estrutura numérica, matemática, da realidade. Os corpos eram constituídos por pontos e a quantidade de pontos de um corpo definiria suas propriedades. O mundo teria surgido da imposição de limites para o ilimitado por meio de formas numéricas.

    • Parmênides: o filósofo reflete sobre o ser, sobre o que existe - que mais tarde foi estudado por uma área da Filosofia chamada de ontologia, o estudo do ser. Parmênides achava contraditório buscar a essência, o princípio fundamental naquilo que não permanece - nosso mundo. Segundo ele, é um equívoco dar muita importância aos dados fornecidos pelos sentidos. Pois, para ele, a verdade sobre as coisas está no que permanece. Sendo assim, é necessário fazer o uso da razão para compreender a verdade.
      “O ser é e o não-ser não é”. Para Parmênides o ser - aquilo que é - é eternamente, pois o ser é a substância permanente. Ele é imutável e não pode deixar ser. O não ser - a negação do ser - não é, não tem ser, não tem substância. Portanto, é nada, não existe. O filósofo identifica o não-ser com a mudança - devir -, que significa não ser mais aquilo que era, nem ser ainda algo que é.
      Em seu poema Sobre a Natureza, Parmênides expôs dois caminhos para a compreensão da realidade. O primeiro é o caminho da verdade, da razão, da essência, do ser. E o segundo, o caminho da opinião - doxa - da aparência enganosa, pois tudo se confunde com o movimento, com a pluralidade e o devir. Segundo ele, essa via precisa ser evitada para não concluirmos que “o ser e o não-ser são e não são a mesma coisa” - um raciocínio ilógico!

    • Heráclito: o filósofo se impressionou com a variação constante que a realidade manifestava aos seus sentidos. “Panta rei”, afirmava Heráclito, o que significa: “tudo muda”, “tudo flui”. Este filósofo afirmava que a própria identidade das coisas está na mudança constante, na variação e no movimento incessante. “Não podemos entrar em um rio duas vezes, pois na segunda vez já não são as mesmas águas. Já não é o mesmo rio”, afirmava. Para ele, nada existe no mundo que possa escapar à mudança. Ele afirma que o princípio de tudo, o elemento fundamental é o fogo. 
      A indicação do fogo como princípio de todas as coisas não coloca Heráclito na mesma condição que os filósofos de Mileto. O fogo mencionado não se iguala à água de Tales ou ao ar de Anaxímenes. Quando Heráclito indica o fogo como elemento primordial, está muito mais próximo de uma linguagem simbólica do que apontando para um fundamento concreto, uma arché. É necessário perceber que o fogo só existe pela constante mudança de coisas em cinzas e fumaça. Aniquilada esta mudança, não existe mais o fogo. Assim Heráclito vê toda a realidade como que alimentada de mudança o tempo todo.
      A luta de forças contrárias é que origina a multiplicidade, é o que impulsiona a vida. A ordem e a desordem, o bem e o mal, o belo e o feio, a construção e a desconstrução, a justiça e a injustiça, enfim, pares de opostos é que fazem o mundo se modificar e evoluir.
      Vamos estudar galerinha! É preciso melhorar a compreensão do que foi discutido ao longo desse primeiro bimestre! = )
      Prof.ª Karoline

    [A todos] Conteúdos para estudar

    domingo, 10 de março de 2013

    Bom dia, meus alunos!

    Em várias salas, ao longo da semana passada, eu coloquei no quadro os conteúdos que vocês deverão estudar para o nosso teste. No entanto, como não tenho certeza se fiz a divulgação em todas as salas, posto aqui para aqueles que eventualmente ficaram sem esta informação.

     

    Esta será a nossa primeira avaliação, portanto, vocês ainda não sabem a maneira que eu cobro os conteúdos.

    A dica que dou é: estudem e reflitam sobre o que foi discutido em sala.  As avaliações exigirão interpretação, análise, relação entre os conteúdos trabalhados e situações do cotidiano e domínio sobre os conteúdos.

     

    Bons estudos!

     

    1º ano do Ensino Médio:

    >> Filosofia:

    O que é mito e qual a sua função.

    O que é filosofia e qual é a sua importância.

    Distinção entre o pensamento mitológico e o filosófico.

    Teorias orientalista e do milagre grego.

    Fatores históricos que contribuíram para o surgimento da Filosofia.

     

    >> Sociologia:

    Definição, características e importância da Sociologia.

    Contexto histórico que propiciou o nascimento dessa ciência.

    Conceito, características e exemplos de conhecimento do senso comum.

    Distinção entre conhecimento científico e senso comum.

    2º ano do Ensino Médio:

    >> Filosofia:

    Filosofia Cristã: contexto histórico e objetivo.

    Patrística: o que foi e qual era o seu objetivo.

    Santo Agostinho: relação estabelecida entre fé e razão, corpo e alma, vontade e pecado.

    Influências do platonismo na teoria de Agostinho.

    Teoria da Iluminação Divina.

    Defesa da predestinação.

     

    >> Sociologia:

    Os primeiros sociólogos brasileiros.

    Objetivos da construção de uma sociologia brasileira.

    Primeiros objetos de estudo da sociologia brasileira.

    A questão racial: conceitos de miscigenação, democracia racial e mito da democracia racial, e a cronologia do racismo.

    3º ano do Ensino Médio:

    >> Filosofia:

    Filosofia de Friedrich Nietzsche.

    Críticas feitas à moral e à religião.

    Relação entre o sofrimento e o desenvolvimento humano.

    Transvalorização da moral.

    Moral de rebanho.

    Moral de senhores e moral de escravos.

    Relação existente entre os valores impostos e os sentimentos de culpa e ressentimento e a noção de pecado.

    Análise de problemas cotidianos sob a luz dos conceitos e críticas nitzschinianos.

     

    >> Sociologia:

    Conceito de etnocentrismo e reflexão sobre atitudes etnocêntricas.

    Conceitos de cultura.

    Cultura para a antropologia.

    Subculturas.

    Relativismo cultural e diversidade cultural.

    Cultura de massa e indústria cultural.

    Relação entre indústria cultural, consumo e exploração de recursos humanos e naturais.

    Reflexões sobre o vídeo assistido "História das Coisas".

    [3ª Série] Filosofia: Resumo da semana.

    quarta-feira, 6 de março de 2013

    Em uma espécide de "vale a pena ver de novo", coloco aqui alguns tópicos que foram abordados na aula desta semana.

    • Sartre foi um dos principais filósofos do nosso tempo, tendo focado seus estudos na Ética.
    • Sartre era ateu e buscou desenvolver a sua teoria sobre a Ética desvinculada da religião.
    • É o principal pensador da corrente filosófica Existencialista. O Existencialismo é uma linha de pensamento que defende que, no homem, a existência precede a sua essência. Sendo assim, não existe uma natureza humana - defendida pela maioria das religiões.
    • Argumento que se mostra contra a existência de uma natureza humana: se admitirmos a existência da natureza humana estaremos admitindo também a invariabilidade de suas ações e comportamentos. Entre os animais, por exemplos, as ações são, em sua maioria, justificadas pelo extinto natural à espécie, sendo previsíveis os comportamentos. Mas, entre os seres humanos não é possível admitir um comportamento geral e invariável, pois tudo o que não estivesse compreendido na regra deveria ser concebido como não natural e, portanto, não humano.
    • O Existencialismo de Sartre é ateu, que fundamenta a inexistência de uma natureza humana pelo fato de afirmarem a inexistência de Deus. Religiosos e lguns pensadores defenderam a existência de uma natureza humana - à imagem ou semelhança de seu Criador e com características essenciais presentes em todos os seres humanos.
    • A Filosofia do séc. XX não defende a existência de uma natureza humana - entendida como uma essência comum a todos os indivíduos. O comportamento humano, a sua forma de agir e a maneira de pensar são construídos na sua existência, influenciados pelo meio e pela cultura que estão inseridos.
    • Para os existencialistas o ser humano é entendido como uma realidade imperfeita, aberta e inacabada. Associada à incompletude humana está a liberdade, que não é plena, mas condicionada às circunstâncias históricas da existência.

      (...) Se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito: este ser é o homem (...) o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define. O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo.
      (SARTRE, 1987, p. 5-6)
    • Para o Existencialismo, ao nascer o homem não está definido, mas, através de sua existência irá fazer-se homem. O ser humano, por meio da sua liberdade irá se fazer.
    • Para Sartre, o ser humano é condenado a ser livre, isto é, é o próprio ser humano que vai escolher quais caminhos seguir para efetivar o seu projeto de criação de si mesmo.
    • Relação existente entre liberdade humana e responsabilidade. O ser humano, ao mesmo tempo em que é indivíduo, torna-se e realiza-se enquanto ser através da sua relação com os demais de sua espécie e, portanto as escolhas que faz são escolhas que engajam toda a humanidade.

    [1ª Série] Sociologia: Esquema do assunto que foi trabalhado nesta semana

    Pessoal, boa tarde!
    Fico feliz em perceber que meus alunos estão acessando ao blog e à página no facebook para estudar os conteúdos. Mas ainda é pouco...

    Aqueles que já acessaram, compartilhem com seus colegas de classe. =)

    Abaixo segue um resumo sobre o que foi abordado na aula desta semana:

    O que vem primeiro: o indivíduo ou a sociedade?

    • O indivíduo e sociedade fazem parte da mesma trama tecida pelas relações sociais. Não há distinção entre eles.
    • O ser humano é um animal social, portanto, nascemos e passamos nossa existência em sociedade porque necessitamos uns dos outros para viver.
    • Se hoje damos mais importância ao indivíduo é por conta do contexto histórico que estamos inseridos. Pois, ao analisarmos as diversas formas de sociedade e como elas se organizaram historicamente, perceberemos que só na Modernidade a noção de indivíduo ganhou relevância.
    • Valorização do indivíduo: foi diante do desenvolvimento do capitalismo e do pensamento liberal que a ideia de indivíduo e de individualismo firmou-se definitivamente, pois se colocava a felicidade humana no centro das atenções. A felicidade enfocava o lado material, e não como uma visão do todo. Sendo assim, o que passa a importar é a pessoa ser proprietária de bens, dinheiro ou apenas de seu trabalho.
    • Entre os povos antigos, pouco valor se dava ao indivíduo. A sua importância se dava inserida no grupo a que pertencia (família, Estado, clã, etc.). Apesar das suas diferenças naturais, não havia a hipótese de pensar em alguém desvinculado de seu grupo.